08 de abril de 2017

Ateliês na educação infantil estimulam autonomia, descobertas e aprendizados

DSC09078-820x400Crianças brincam o tempo todo, e brincando, se relacionam com o mundo, as pessoas e os objetos. Na brincadeira expressam sentimentos, prazeres, inventam, relaxam, criam identidade, se relacionam, exploram o corpo, criam regras e linguagens. E assim, vivenciam cada momento e têm a autonomia estimulada.

Nas escolas de educação infantil, os pequenos têm a oportunidade de protagonizar o brincar em espaços coletivos destinados a eles. E é justamente esta a proposta da Casa da Criança de Sousas, entidade parceira da Fundação FEAC e participante da 1ª edição do programa Primeira Infância em Foco da Fundação FEAC.  Há cerca de três anos, a entidade reestruturou os espaços físicos e criou ateliês para adequar os ambientes de maneira a promover o pleno desenvolvimento da autonomia e qualificar a vivência de cada criança.

Cada um dos oito ateliês tem uma temática e foi planejado para estimular diferentes habilidades dos pequenos. A organização dos espaços foi feita de maneira a serem desafiadores e inventivos, com objetos e materiais diversos. Tudo para incentivar descobertas e oportunizar momentos de aprendizado.

Os ateliês da Descoberta e do Movimento são destinados à turma do berçário (crianças de até 1 ano e 6 meses) e possuem vários elementos que estimulam a movimentação. Já os de Música, Artes, Biblioteca, Construção, Faz de Conta e Fantasia, são onde se divertem as crianças a partir de 1 ano e 6 meses até 3 anos e 11 meses.

No de Fantasia, por exemplo, as roupinhas que estimulam a imaginação ficam em cabides ao alcance das crianças e em um dos cantos da sala há um grande espelho. Estrategicamente posicionado atrás de um palco, estimula brincadeiras de interação e observação de gestos corporais. Na Biblioteca, as turminhas se sentem muito à vontade para pegar os livros em móveis de tamanho apropriado. Elas acessam o acervo e podem puxar almofadas em forma de flor para curtir a publicação escolhida.

Circulando

A rotina na creche é uma constante circulação de crianças e educadores entre todos os espaços. Hoje, a sala só é referência na hora da soneca. Todos os dias, as educadoras e suas turmas se revezam em cada um dos ateliês a cada 40 minutos ou 1 hora, e as atividades a serem desenvolvidas em determinado espaço é decidida naquele momento. Em algumas ocasiões, professoras e monitoras brincam junto às crianças e incentivam alguma ação educativa específica, mas em outros, elas apenas observam, por compreender que a brincadeira é fundamental para uma ação educativa.

“Não é algo pronto. O professor sente o grupo e faz o planejamento de acordo com a necessidade da turma. Os espaços ficaram muito convidativos para a brincadeira das crianças, e a cada dia a gente vai melhorando e trabalhando para ampliar cada vez mais a autonomia delas. Queremos chegar em um ponto em que cada uma escolhe em qual ateliê quer estar”, explicou Célia Fossaluzza, diretora da Casa da Criança de Sousa.

Outro desafio para as educadoras da creche é diversificar a maneira como as crianças realizam as atividades, tendo assim outras perspectivas de brincar. “Ainda estamos aprimorando as atividades que propomos no projeto pedagógico para que os ateliês fiquem ainda mais acessíveis. Temos também o desafio de trabalhar com os educadores a quebra do paradigma de que o professor deve interferir nos trabalhos das crianças, para que a arte dos pequenos não seja transformada”, afirmou Gláucia Valente, coordenadora pedagógica.

Um mundo de possibilidades

Como um laboratório de pesquisa e descobertas, os ateliês proporcionaram mais autonomia e possibilidades de vivência para as crianças. São nesses momentos que os pequenos vão aprendendo a socializar, respeitar, dividir e conviver em grupo e isso proporciona uma troca muito rica de aprendizados.

O trabalho das educadoras é orientar as crianças de forma natural e construtiva, para que cresçam aprendendo sobre valores de convivência sem que isso seja algo imposto.

Segundo Adriana Silva, assessora técnica do programa Primeira Infância Em Foco do Departamento de Educação da Fundação FEAC, o trabalho com os ateliês tem como objetivo favorecer a exploração e a experimentação, pelas crianças, de diferentes materiais e formas de representação dentro de ambientes provocadores e desafiadores, além de promover um espaço de coletividade e trocas que facilitem novos entendimentos sobre os processos cognitivos e expressivos das crianças.

“Transformando as salas de aula em ateliês, a Casa da Criança de Sousas, buscou cumprir, efetivamente, seu projeto pedagógico, compreendendo a criança como verdadeiramente interacionista ao organizar seu tempo e espaço, e oferecendo ambientes promotores de aprendizagem”, analisou a assessora técnica.

Na opinião de Célia Fossaluzza, hoje os pequenos entendem que tem a liberdade de ir e vir nos espaços e sabem usar e respeitar essa escolha, o que acaba gerando um sentimento de pertencimento na creche. “Hoje as crianças estão mais tranquilas, felizes e calmas”, afirmou. Neste sentido, até mesmo as escadas que fazem parte da estrutura da creche fazem parte do cenário de exploração e desenvolvimento da criança.

Ganhos

Após quase três anos de implantação dos ateliês na Casa da Criança de Sousa, a equipe continua se aprimorando. Eliene Márcia Souza Banharelli, monitora, lembrou das muitas discussões e pesquisas realizadas pela equipe antes da criação dos espaços.

“Com a nova proposta, começamos a viajar em como trabalhar nesses espaços. No começo foi sofrido porque estávamos habituadas a outra rotina, e cumprir os novos horários e o cronograma propostos foi complicado. Mas as formações continuadas que recebemos no processo de mudança nos deixaram mais tranquilas e seguras sobre a nova proposta”, contou.

Segundo a monitora, as crianças se adaptaram rapidamente à reestruturação e hoje, a circulação ente os ateliês ocorre naturalmente. “Para elas, é um momento de descobertas em que a diversificação é o grande diferencial. Creio que para as educadoras, o principal ganho foi ampliar nossa visão para a infância. E descobrir como as crianças aprendem explorando o ambiente”, avaliou Márcia.

Na perspectiva de que as crianças estejam interagindo com brinquedos, objetos, materiais diversos, e que as brincadeiras sejam variadas, a creche está sempre pesquisando e se aprofundando em relação ao brincar, em uma constante interação entre crianças, educadores e os espaços educativos.

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(Fonte: Fundação FEAC)

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