29 de maio de 2017

Bate-papo virtual reúne especialistas na defesa de cidades pensadas para as crianças

Uma cidade boa para as crianças é uma cidade boa para todo mundo. A frase dá o clima de como foi o bate-papo virtual da Rede Nacional Primeira Infância que lançou a plataforma “A Criança e o Espaço: a cidade e o meio ambiente”, e reuniu a educadora Raquel Franzim, do Alana, o filósofo e especialista em políticas públicas Vital Didonet, e o arquiteto e diretor do CECIP, Claudius Ceccon, coordenador da secretaria executiva da RNPI. Em pauta, o direito das crianças à cidade, e os desafios para que o bem-estar e desenvolvimento das crianças seja contemplado nas políticas públicas dos municípios. Clique aqui para assistir à íntegra do bate-papo, que está disponível no canal da RNPI no Youtube, ou veja no fim da matéria.

Veja alguns momentos dessa conversa, que foi transmitida ao vivo na terça-feira, dia 15 de maio, e que abordou temas como o surgimento do conceito de cidades amigas das crianças, a importância dos espaços no desenvolvimento das crianças, o que a lei brasileira fala sobre o tema, e a importância da participação e escuta das crianças sobre o planejamento e criação dos espaços voltados para elas – inclusive sobre as cidades.

–  A cidade é a maior invenção que existe, todo mundo quer vir para a cidade! E a cidade é produto de uma série de forças e presenças, mas as crianças não são a voz preponderante. Mas a gente está se esforçando para que as crianças passem a ser uma voz que ajude a pensar e melhorar as cidades: uma cidade boa para as crianças é uma cidade boa para todo mundo. A cidade precisa ser uma cidade que acolhe, abre espaço e dá segurança para essas crianças. – afirmou Claudius Ceccon.

– Em primeiro lugar, crianças pequenas são cidadãos com direito de viver, de conviver e de se desenvolver em comunidade, não apartadas, isoladas, ou restritas ao seus ambientes familiares. Em segundo lugar, a presença das crianças pequenas na cidade humaniza a cidade, desperta novos olhares e percepções,  e desperta o cuidado entre as pessoas que circulam na cidade. A forma de pensar, se expressar e viver das crianças, geralmente muito espontânea, ativam outras sensibilidades nos adultos. Elas impõem um ritmo diferente a essa agitação, a esse tempo tão acelerado no qual  a gente vive nas cidades. A criança é um convite para que nós adultos sejamos mais presentes, apesar de tantas telas e imersão nos celulares. A criança faz esse convite, “venham estar presentes conosco, aqui, nesse espaço que é comum e compartilhado” – disse Raquel Franzim, do Alana.

A desigualdade entre as infâncias brasileiras é uma injustiça inaceitável. Além de expulsar as famílias mais pobres para as periferias e favelas, essas desigualdades impactam mais profundamente na representação mental das crianças e as relações humanas. Porque de um lado elas vêem o luxo, o bem-estar, o conforto e a beleza das casas, as ruas asfaltadas, a iluminação, as árvores e os parques – e no lado delas, tudo pobreza, miséria e dificuldade, sem saneamento, sem coleta de lixo, não tem parquinho, não tem calçada. Isso causa, no início da vida das crianças, um impacto negativo na concepção de vida social, de vida humana, de relacionamento e de interações urbanas. Eu acho que a determinação dos prefeitos de fazer o Plano Diretor escutando a população e as crianças é um grande meio de tornar as cidades mais amigas das crianças. As crianças sabem o que elas precisam, sabem o que elas querem, e tem ideias geniais para contribuir com o que elas estão vivendo. Ninguém sabe melhor do que elas e suas famílias o quanto dói não ter uma calçada, não ter uma rua segura, não ter coleta de lixo, água potável, não ter árvores que façam sombra. Elas saberão dizer para o gestor municipal, quando forem escutadas na elaboração do plano diretor, o que fazer, e de maneiras simples, disse Vital Didonet, assessor legislativo da Rede Nacional Primeira Infância.

 

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