25 de abril de 2011

Consumismo infantil volta à tona com ovos de Páscoa

As vendas de ovos de Páscoa devem crescer quase 10% este ano, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Embora a economia do país seja apontada como a principal razão para essa boa expectativa entre os varejistas, o que ainda garante o sucesso dos ovos de chocolate nas gôndolas dos supermercados é o apetite consumista das crianças. Por isso, a indústria aposta cada vez mais em ovos diferenciados, com grande apelo entre os pequenos consumidores. Ovos recheados com brindes, com formatos inovadores e com temas atrativos aos pequenos surgem aos montes a cada ano.

Para a psicóloga Ely Harasawa, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, embora o marketing em torno dos ovos de Páscoa seja aparentemente inofensivo, é uma amostragem do fascínio e do poder que as propagandas exercem sobre as crianças. “É um enorme incentivo às crianças para ingressar cada vez mais cedo no mercado de consumo”.

Para proteger as crianças desse “ataque” publicitário e ajudá-las a se transformarem em consumidoras críticas e responsáveis, a psicóloga alerta para a necessidade de antes haver uma conscientização de seus educadores para o tema do consumismo infantil. “Por estarem em desenvolvimento, as crianças são mais vulneráveis e manipuláveis pela comunicação mercadológica. Precisam de um adulto que as ajude a decodificar essas mensagens. E esses adultos precisam estar bem orientados sobre esse papel”, diz Ely.

Ela integra o time de especialistas que defende a adoção, pelo Governo Federal, do Plano Nacional Pela Primeira Infância, um documento que propõe metas e objetivos para o cumprimento dos direitos da criança, e que foi aprovado pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Incluir o tema do consumo responsável e consciente nos currículos e nas propostas pedagógicas das escolas (por meio de legislação ou de norma do Conselho Nacional de Educação), promover entre os educadores uma reflexão sobre os valores e hábitos de consumo da sociedade atual e criar uma legislação sobre a comunicação mercadológica dirigida especificamente ao público infantil estão entre as metas apresentadas.

Criada em 2006, a Rede Nacional da Primeira Infância é uma articulação de organizações da sociedade civil, do governo, do setor privado e de outras redes e organizações multilaterais que atuam na promoção da Primeira Infância como item prioritário na defesa dos direitos da criança e do adolescente. Além da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Pastoral da Criança, Fundação Abrinq, Instituto C&A e os Ministérios da Educação e da Saúde estão entre as mais de 100 organizações participantes.

Fonte: Revista INCorporativa

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