02 de junho de 2017

Creche e centro de saúde criam rede de promoção do desenvolvimento integral da criança

Pensar o desenvolvimento integral e integrado da criança. Com este objetivo nasceu a parceria entre a Casa da Criança Meimei e o Distrito de Saúde Norte de Campinas, por meio do Centro de Saúde “Cassio Raposo do Amaral” e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).

A aliança estabelecida com equipamentos de saúde é resultante de ação promovida pelo programa Primeira Infância em Foco (PIF), do Departamento de Educação da Fundação FEAC, do qual a Meimei é uma das instituições participantes.

Será realizada uma série de formações durante todo o ano com familiares e educadores da creche que serão comandadas por profissionais da rede municipal de saúde com temas que abrangem os cuidados básicos, higiene, prevenção de doenças diversas, entre outros, relacionados ao universo infantil.

Segundo Maiara Alessa Neves Marques, assistente social da Meimei, os temas a serem abordados serão definidos a partir das demandas vivenciadas na rotina dos familiares e da instituição, principalmente focados na falta de informações das famílias, em especial em relação aos serviços que o Centro de Saúde pode oferecer.

“Nosso projeto pedagógico acredita no envolvimento da família potencializado pelas parcerias intersetoriais. A gente entende que é importante não só cuidar da criança, mas também alcançar a família e o território onde vivem e para isso, a integração de saúde e educação é fundamental”, disse Maiara.

Para Cláudia Brito, apoio institucional da área da criança do Distrito de Saúde Norte, a intenção da rede de saúde é cuidar das crianças que estão no território. “Com parcerias como esta, podemos cuidar melhor das crianças de nosso território, que é nosso principal objetivo. E isto acontece quando conseguimos chegar até as famílias e orientá-las no sentido de cuidarem dos filhos para a promoção da saúde e prevenção de doenças”, avaliou.

Denilze Ricciardelli, assessora técnica do Departamento de Educação da FEAC, explicou que a parceria da entidade com a rede de saúde surgiu a partir da autoavaliação da instituição realizada por meio do PIF para que fossem atendidas metas do projeto desenvolvido na escola de educação infantil. Neste sentido, articular o trabalho com os demais serviços de atendimento à criança é fundamental para contribuir com o desenvolvimento infantil.

“Como a criança vivencia o desenvolvimento de forma integral, para receber um atendimento de qualidade é necessário que os profissionais trabalhem de forma integrada. Instituição, família e profissionais do Distrito de Saúde Norte pretendem criar uma rede de proteção e atendimento à criança”, avaliou.

Aleitamento materno

“A importância do aleitamento materno” foi o tema da primeira formação que ocorreu na primeira quinzena de maio e foi dividida em dois momentos: com a equipe de educadores e com os familiares. O assunto foi definido entre os profissionais da creche e da saúde devido à preocupação com mães que chegam à entidade com os filhos menores de 6 meses em processo de desmame ou já desmamados.

Segundo Cláudia Maria Monteiro Sampaio, pediatra na rede básica de saúde (Centro de Saúde Rosália) e responsável pelas capacitações na área da criança no Distrito de Saúde Norte, o objetivo dos encontros foi esclarecer dúvidas sobre a amamentação e reforçar a importância de se manter o aleitamento materno. “Principalmente quando as crianças começam a frequentar a creche, elas ficam mais expostas, junto com outras crianças, a doenças como viroses, e neste sentido o leite materno faz toda a diferença. Preparar e orientar com informações técnicas a equipe de educadores para estimular as mães e familiares a darem continuidade à amamentação é essencial neste processo”, avaliou.

Já para os familiares, além da importância da amamentação, foi abordado todo o processo de coleta, armazenamento e transporte do leite. Cláudia Sampaio garante que o procedimento é simples e fácil e visa proporcionar segurança à mãe e qualidade ao alimento a ser administrado à criança. A expectativa era estimular as mães a amamentarem seus filhos até pelo menos os seis meses, mesmo com a criança já matriculada na creche, com orientações de como o leite deve ser coletado, armazenado e transportado até a instituição.

Todo o processo de retirada do leite materno deve ser iniciado com a escolha do local da coleta. “Não pode ser em banheiro ou onde muita gente esteja falando. É preciso fazer uma higiene adequada das mãos até os cotovelos, com sabonete neutro. Um lenço evita que haja risco de fios de cabelo caírem no leite, e também é importante que sejam protegidos nariz e boca. Isso tudo é necessário para que se garanta um leite de qualidade e sem perdas nutricionais e imunológicas”, explicou a pediatra, que foi a responsável pela implantação, há 24 anos, do Centro de Lactação e Banco de Leite Humano de Campinas, que é referência para hospitais públicos e privados em toda a região.

Para se armazenar o leite, é preciso higienizar o frasco, fervendo-o e esterilizando-o. O leite coletado e armazenado no recipiente pode ser congelado por até 15 dias. Para que seja feito o transporte do alimento, é preciso de um recipiente de isopor. Assim que o leite chega até a creche, ele deverá ser mantido congelado até o momento em que for administrado para a criança. Neste instante, o desgelo se faz com o recipiente do leite dentro de água aquecida e fogo desligado, o que fará com que o leite volte à temperatura ambiente. Por fim, o ideal é que o leite seja oferecido em copo de treinamento e não em mamadeira, para que não haja o risco de desmame pela criança.

Benefícios

Segundo preconiza a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde, o recomendado é que a criança se alimente exclusivamente do leite materno até os 6 meses de vida e, depois disso, permaneça recebendo o aleitamento materno como complementação alimentar até os 2 anos ou mais. A partir do sexto mês, deve ser introduzida a alimentação complementar, que visa suprir as necessidades calóricas da criança, com a introdução de sucos e papas de fruta, além da papa principal, sem a necessidade de oferecer fórmula ou mamadeira.

Cláudia Sampaio enumerou diversos benefícios que o aleitamento materno proporciona à criança. Segundo a pediatra, até os 6 meses de idade, nem mesmo a água é necessária, já que o leite materno, do ponto de vista nutricional e imunológico, tem tudo o que o pequeno necessita.

“Cada leite é individual e específico. Isto porque a mãe produz o leite para o filho dela, para aquele local onde ela vive e tem os anticorpos para proteger contra aquelas determinadas doenças com as quais já teve contato.  Amamentar é como se a mãe vacinasse o bebê o tempo todo”, explicou.

Outro ponto importante do aleitamento materno é com relação às doenças crônicas que a falta da amamentação pode acarretar. De acordo com a especialista, existem vários estudos pediátricos que comprovam que a introdução precoce da alimentação gera um risco maior de obesidade, doenças alérgicas e outros males na vida adulta. “Bebês que prolongam a amamentação materna têm menos risco de desenvolverem doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade, doença celíaca. Esta proteção é levada para a vida adulta”, concluiu.

Mesmo com os obstáculos atuais que a mulher enfrenta, como o retorno ao trabalho antes mesmo da criança completar os 6 meses, a amamentação é um desafio que vale a pena, já que este cuidado com a saúde irá repercutir por toda a vida. E para apoiar e incentivar este processo, o trabalho em rede da educação e da saúde é essencial, para que desde o atendimento pré-natal até a chegada da criança na creche, a mãe seja orientada para ter tranquilidade e assim, poder amamentar sem ansiedade e com a certeza de que seu filho vai se desenvolver com mais saúde.

Saiba mais sobre a Casa da Criança Meimei: www.meimei.org.br

Saiba mais sobre os Distritos de Saúde de Campinas: www.campinas.sp.gov.br

(Fonte: Fundação FEAC – www.feac.org.br)

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