20 de dezembro de 2011

Educação Ambiental é outra coisa

Não são as crianças que devem cuidar da natureza e sim nós, adultos, para garantir a elas um bom futuro

 

As regras têm feito o maior sucesso neste nosso tempo, não é verdade?

Esse fato é mais uma evidência de que vivemos em um mundo infantilizado.

Criança pequena necessita de regras porque ainda não consegue compreender princípios. Mas, à medida que ela vai crescendo, precisa aprender os princípios que regem a vida, para que as regras se tornem desnecessárias ou sejam utilizadas com autonomia e liberdade.

Um bom exemplo são os cuidados com a saúde que precisamos ensinar aos menores, o que demonstra o amor à vida.

Inicialmente, os pais estabelecem regras: escovar os dentes após as refeições, tomar banho diariamente, lavar as mãos antes de se alimentar etc.

Entretanto, se essas regras iniciais não se transformarem em algum princípio -no caso, o autocuidado, que expressa respeito consigo mesmo-, logo elas podem ser descartadas.

Seguindo esse exemplo, temos várias pistas de que nós não estamos alcançando muito êxito com esses ensinamentos.

Na adolescência, época em que transgredir as regras é usual, não observamos muitos indícios de que os jovens aprenderam a amar a vida e a se respeitar, não é verdade?

Pois não podia ser diferente, portanto, com a educação ambiental.

Crianças precisam aprender desde cedo a amar a natureza e a entender o relacionamento do ser humano com ela. E a melhor maneira de começar esse processo é colocar a criança em contato com a natureza para que ela possa interagir, descobrir e reconstruir as relações entre natureza e cultura.

Com esse estilo de vida urbano que nós escolhemos, mesmo em cidades pequenas, é muito difícil haver espaço para que ocorra de verdade esse relacionamento entre criança e natureza.

As escolas de educação infantil, por exemplo, por pressão social e por convicção, são construídas para que o aluno fique muito tempo na sala e tenha pouco contato com a natureza.

E tem mais: como adoramos as regras, temos ensinado uma porção delas às crianças, na tentativa de praticar o que chamamos de “educação ambiental”.

Não deixar a torneira aberta, não jogar lixo em local inadequado, separar o lixo, apagar as luzes quando elas não forem usadas etc.

Mas o que proporcionamos aos menores em relação a experiências que podem se transformar em conhecimento sobre a água, a eletricidade, a terra, o lixo etc.?

Quase nada.

O que resta às crianças, então, a não ser se apropriar das regras ensinadas?

E elas têm feito isso de uma maneira exemplar: invertendo a relação de autoridade com os adultos.

Transformaram-se em “fiscais da natureza” principalmente em casa, com pais e familiares, e em todos os lugares onde encontram espaço para tanto.

Isso não significa que as crianças estejam se apropriando dos princípios do respeito a si, ao outro e à vida. Não! Aprenderam algumas regras e as usam -apenas isso. Uma escuta atenta dessas crianças evidencia rapidamente isso.

O mais curioso é perceber quantos pais se orgulham do que os filhos fazem nesse sentido, tanto quanto escrever precocemente, por exemplo.

Não faz sentido achar bom a criança perder o seu lugar de criança e a sua infância.

Nós que devemos cuidar do ambiente para que nossas crianças tenham um bom futuro, não é verdade?

 

(Estarei em férias nas próximas edições. Desejo boas-festas e uma saudável convivência familiar neste fim de ano a você, leitor, e sua família. E agradeço a companhia durante todo este ano. Até breve!)

 

Fonte: Rosely Sayão(Publifolha)

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