07 de agosto de 2013

Especialistas indicam como lidar com a dislexia

Dificuldade de leitura, escrita, interpretações de textos e cálculo aritmético. Estes são os sintomas mais comuns de um distúrbio de aprendizagem conhecido como dislexia e que é apresentado já na pré-escola.

— O disléxico mostra dificuldade em aprender a ler e a escrever, em manipular as letras dentro de uma palavra e, consequentemente, em compreender um texto quando estiver lendo — explica a fonoaudióloga e especialista em psicopedagogia Maria Ângela Nico, coordenadora científica da Associação Brasileira de Dislexia (ABD).

Quando o portador do problema chega à adolescência, poderá apresentar dificuldades em aprender uma segunda língua, muitas vezes em compreender o enunciado de um problema de matemática, química ou física.

— A dislexia é um quadro complexo caracterizado por dificuldade à leitura, escrita, interpretações de textos e, ainda, associado a dificuldades para o cálculo aritmético — expõe o neurocientista português Rafael Silva Pereira, doutor em Neuropsicologia da Dislexia pela Universidade de Extremadura.

O especialista explica que a avaliação do problema necessita ser multiprofissional, com uma equipe especializada, envolvendo fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, neuropediatras e psiquiatras.

— Associado à dislexia, algumas crianças e jovens também podem apresentar déficit de atenção, hiperatividade, impulsividade, agressividade, depressão, transtorno de ansiedade, bipolaridade e enurese — diz.

Genética e hereditária

Segundo Maria Ângela Nico, a dislexia é um transtorno com causas variadas, entre as quais estão: pais com dificuldades pregressas na vida escolar, casos semelhantes nos familiares, presença de genes potencialmente responsáveis pelo quadro, ou uma arquitetura diferente do tecido cerebral nos indivíduos disléxicos que não é encontrada nos não disléxicos.

— Só podemos falar em dislexia a partir do processo de alfabetização, mas como ela é genética e hereditária, a partir dos cinco anos de idade já é possível realizar a avaliação com uma equipe multidisciplinar especializada e essa criança com dislexia será encaminhada para uma intervenção com uma fonoaudióloga. Depois que ela passar pelo processo de alfabetização, será necessária uma re-avaliação para confirmar ou não o quadro — afirma.

Para o professor Rafael Pereira, por não ser uma doença, “não há cura”. A complexidade do distúrbio exige uma intervenção rápida.

— Deverá ser realizada por uma fonoaudióloga, e ou uma psicopedagoga e, em casos de problemas de auto-estima, um psicólogo deverá atuar também — conta Maria Ângela.

Segundo a especialista, o problema é descoberto na maior parte das vezes quando o processo de alfabetização se inicia. O tratamento objetiva a aprendizagem do disléxico frente às dificuldades que encontrará, de modo que consiga lidar com elas.

— Quando os pais perceberem algum sinal ou sintoma nos filhos, devem conversar com a coordenadora da escola em que a criança está frequentando, que deverá encaminhá-la para uma avaliação. Se confirmada a dislexia, a intervenção deverá ser realizada o mais rápido possível — explica Rafael Pereira.

Informações: Zero Hora

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