09 de maio de 2011

Mães organizam pela internet "mamaço" coletivo

Protesto está marcado para quinta-feira no Itaú Cultural; antropóloga diz que teve problemas ali para amamentar o filho


Um grupo de mães está organizando pela internet um “mamaço” no Itaú Cultural da Avenida Paulista. Em março, uma mulher foi impedida de amamentar seu bebê em uma exposição no local. “Estava com meus dois filhos, um de 2 anos, outro de 2 meses. O menor acordou, pediu para mamar. Enquanto amamentava, uma monitora alertou que era proibido dar de mamar ali”, conta a antropóloga Marina Barão, de 29 anos. “Reagi com espanto. Sem graça, a funcionária me levou à enfermaria dos bombeiros para amamentar.”

Segundo Marina, a monitoria afirmou que funcionários haviam sido orientados a não permitir que mães amamentassem na exposição. “Ela disse que era ordem superior. Fui pega desprevenida, falei que aquilo era contra os direitos da criança, mas ela pediu que a acompanhasse, senão chamaria um segurança.”

Enquanto tentavam localizar a chefe dos bombeiros para abrir a enfermaria, a criança chorava. “Demorou uns 10 minutos. Acabei amamentando meu filho na escada. Com a monitora olhando para os lados, preocupada de alguém ver.”

Segundo a antropóloga, depois que a mobilização na internet começou, o Itaú Cultural enviou desculpas. Ela afirmou ter aceito a retratação, mas o protesto – marcado para o dia 12 – será mantido. “Acho bacana as desculpas, nossa intenção não é guerra. Mas vamos fazer o ato pela importância da amamentação, para que isso não seja um ato mal visto socialmente.”

O Itaú Cultural reconhece que houve “erro de orientação”. “Dizemos aos monitores que as pessoas não podem se alimentar no espaço das exposições. Nesse caso, o funcionário pôs a regra em prática”, disse o diretor da entidade, Eduardo Saron. “Além de pedir desculpas às mães no Facebook, chamei nossa equipe e rediscutimos medidas de atendimento ao público. Tomamos como aprendizado.”

Saron afirma que se o “mamaço” se concretizar, o Itaú Cultural vai “abraçar o ato”. “Vejo a mobilização com bons olhos. Se as mães forem, vamos preparar uma programação especial, dizer que somos abertos a todos.”

 

Fonte: Gabriel Pinheiro – O Estado de S.Paulo

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