29 de novembro de 2011

Opinião: para reverter quadro, pais têm de acolher filhos com notas ruins

Estar ao lado do filho é diferencial para seu crescimento; baixa autoestima desestimula estudantes em qualquer idade

 

Os alunos estão na reta final do ano letivo. Depois de tanto estudo, terão a certeza de que foram ou não promovidos para a série seguinte. Em algumas famílias, esse é um momento nada fácil, devido ao risco do filho ficar retido.

O aprender acadêmico não é coisa simples. Alguns pais não compreendem isso. Os adultos, geralmente, estão mais desenvolvidos cognitivamente que as crianças – o que elas aprendem parece ser muito fácil. Fácil para os pais, não para elas – e o baixo desempenho acaba sendo interpretado como má vontade de estudar.

Depois de um ano inteiro pagando o colégio, o que tem sido muito caro, afligem-se com todo o dinheiro gasto e a necessidade de investir novamente na mesma série. Sendo que o filho, na visão deles, não se empenhou em nada.

Esse é um dos motivos porque a escola não deve ser tão cara a ponto de se tornar um peso para a família. Vez ou outra, a criança ou adolescente é lembrada do esforço que os pais fazem para isso, trabalhando muito. Ou do quanto deixam de fazer coisas para si, para que possa frequentar a escola X (e, numa fantasia compartilhada por muitos, sem estudar lá, o filho não conseguirá nada na vida).

Esse tipo de discurso atrapalha mais que ajuda. A escola torna-se um fardo difícil de carregar, para ambos. O que não quer dizer que a criança não deva saber quanto ela custa e o que isso significa para a família. Seu valor, no entanto, não deve ser jogado na cara dos pequenos de modo a pressioná-los nos estudos.

Acontece de um ou outro aluno levar as coisas na brincadeira. Mas, para alguns, ela realmente é difícil. Não por não terem capacidade intelectual, mas devido a diversos motivos que é difícil para o outro vislumbrar.

Como, por exemplo, não se sentir capaz. Pessoas com baixa autoestima acabam se desestimulando a fazer as coisas. Acham que nunca vão conseguir tirar uma nota boa ou realizar um trabalho. São muito críticas em relação ao que fazem e costumam ter certeza de que o outro nunca vai reconhecer o que fizeram.

Como os pais, por exemplo. Esses, muitas vezes, contribuem para os sentimentos negativos dos filhos. Estão sempre apontando o que fizeram de ruim, mas esquecem de ver as coisas positivas. No caso da escola, ao chegarem com uma nota boa, não deixam de lembrar que não fizeram mais que a obrigação.

Diante da nota ruim, o estardalhaço está montado – costumam dizer que só fazem isso e que o mínimo é que tirem notas boas. Fica fácil adivinhar o que terá mais peso.

E, assim, a visão daquela criança ou adolescente em relação a si próprio acaba sendo muito ruim – aquilo que poderia ser realizado sem grande sofrimento torna-se um fardo a ser evitado. Reforçando a ideia de que o filho realmente não quer saber de nada. A reação dos pais? Ora, pressionar. Isso torna a questão uma verdadeira bola de neve, que só aumenta.

Os pais não têm noção de quanto são importantes. O que pensam dos filhos tem valor muito grande – implica na construção da capacidade deles de se sentirem seguros para realmente serem o que são. E aprenderem.

Diante da nota ruim, é preciso que a família acolha os estudantes e lhes mostre que são capazes de reverter o quadro. Ninguém gosta de ir mal. Se não conseguirem sozinhos, não tem problema, os pais estarão juntos para ajudá-los. Sem contar os vários recursos que existem hoje de apoio aos estudantes.

Estar ao lado do filho tem um diferencial muito grande para que ele cresça. Apesar do esforço, pode-se conseguir muitas coisas na vida. Como melhorar as notas.

 

Fonte: Ana Cássia Maturano (G1)

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