16 de julho de 2013

Vítimas de abuso sexual terão centro integrado de atendimento no DF

Médicos, psicólogos e policiais atenderão crianças e adolescentes no local.Objetivo é reduzir número de relatos sobre abusos sofridos, diz secretária.

A Secretaria da Criança e do Adolescente anunciou a criação de um centro de atendimento integrado para crianças e adolescentes vítimas de violência sexual no Distrito Federal. O decreto foi publicado no Diário Oficial na última sexta (12). O centro, que vai funcionar no antigo complexo da Polícia Civil, deve começar a funcionar em dezembro.

A unidade vai reunir psicólogos, assistentes sociais e agentes da Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e tem como objetivo reduzir a quantidade de vezes em que a vítima precisa relatar a violência que viveu para órgãos diferentes, já que o mesmo relatório servirá para a instauração de processo judicial.

“Normalmente, quando acontece um problema, a criança ou o adolescente vai para a saúde, depois para o Conselho Tutelar, depois para Delegacia de Polícia da Criança, depois para o IML e em média, ocorrem por volta de oito escutas”, disse a secretaria da Criança, Rejane Pitanga. “Isso revitimiza a criança. Cada vez que ela conta a história, ela destrói a autoestima, destrói a infância.”

Para o conselheiro tutelar do Guará Alisson Marques, muitas vítimas desistem de relatar o que viveram e desistem da denúncia. “Como as vítimas têm que contar as histórias várias vezes, elas ficam machucadas ao ponto de não querer contar mais”, disse. “Assim, a gente não consegue penalizar o agressor e ele acaba cometendo a mesma agressão com outras crianças.”

De acordo com a Pitanga, ao integrar as políticas públicas, as vítimas terão de fazer no máximo duas escutas, o que humaniza o atendimento.

Um mulher de 45 anos que prefere não ser identificada foi abusada pelo tio quando tinha entre 2 e 4 anos. A irmã caçula dela e uma prima também foram vítimas.

“Na minha época, foi complicado. Cheguei a falar com outro tio, com minha mãe, e ninguém ouviu. Minha mãe colocou panos quentes no assunto”, disse. “Fui adotada depois, mas não contei para ninguém, achava que não iam acreditar em mim. Não tinha para onde correr.”

A vítima diz que não tinha informação sobre como pedir ajuda. Ela afirma que se tivesse conhecimento da existência de um centro para acolher as vítimas, teria denunciado o tio. Aos 45 anos, ela nunca formalizou a denúncia.

Informações G1

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