26 de maio de 2022
Covid-19 e Primeira Infância
Este 1º encontro dos Momentos Formativos da Rede Nacional da Primeira Infância (RNPI) do ano de 2022 aconteceu no formato virtual no dia 05 de maio via Google Meet. O momento formativo teve início com o Coordenador de Comunicação e Mídias, Luís Cipriano, que deu boas-vindas aos presentes e em seguida passando os trabalhos para a Coordenadora Cida Freire.
Cida Freire fez a acolhida a todos/todas e apresentou os objetivos desses momentos formativos e relembrou que os temas foram escolhidos na Assembleia da Rede e expôs o motivo de ter trazido o MIEIB para esse primeiro momento formativo, uma vez que o mesmo fez um trabalho muito intenso durante toda a pandemia. Passou a palavra para as convidadas do dia: Rita De Cássia De Freitas Coelho e Maria Aparecida Camarano.
Primeira convidada a falar foi RITA DE CÁSSIA DE FREITAS COELHO, representante do Comitê Diretivo do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB).
Trouxe reflexões sobre as consequências da forma como a educação infantil lidou com a pandemia. Porque poderiam existir outras formas e a educação como campo de formulação de política e campo de conhecimento lidou com a pandemia. Não é a pandemia apenas, são essas opções políticas e de pesquisas escolhidas que geraram as consequências que tem-se hoje.
1º – O MIEIBI lutou muito para o não o fechamento das escolas, pois isso significou muito mais do que não ter atividades presenciais.
2º – O direito a educação infantil foi violado durante a pandemia, pois as estratégias adotadas não asseguraram o direito a educação infantil, asseguram o vincula da família com a escola, asseguraram algumas atividades on line, mas o direito essencial a educação infantil que são as interações ele foi violado.
3º – Ao optar pelo fechamento das escolas, as pesquisas apontam que isso não tem relação com o Ideb dos anos iniciais do ensino fundamental, não tem relação com o PIB municipal e nem com despesas com as despesas dos alunos da educação infantil e nem com as taxas de contaminação da COVID no município. Todos os municípios fecharam as escolas, independente das taxas de contaminação pela COVID, e isso está muito relacionado a omissão do Ministério da Educação, uma vez que ele era o responsável pela gerência das orientações e articulações educacionais no país. Faltou critérios e articulação para definir o funcionamento da educação. O fechamento das escolas ampliou muito as desigualdades entre as crianças e as famílias e isso significa que a educação infantil faz diferença na vida das crianças e traz resultados sociais e de aprendizagens do ponto de vista das infâncias.
Além de atingir as famílias, atingiu os professores e os profissionais das escolas, vinculado ao e conhecimento da doença. A educação não investiu na formação deles, preparando-os para viver esse momento.
Não frequentando a educação infantil as crianças aprenderam menos e se desenvolveram menos, inclusive cognitivamente. A educação infantil possibilita oportunidades que ampliam o desenvolvimento e as condições de vida das crianças, além da interação entre os pares da mesma idade.
Não que a pandemia não trouxe vivências, desenvolvimento e amadurecimento as crianças. Muitas crianças passaram pela fome e pelas perdas que trouxeram consequências na saúde mental delas.
As matrículas da educação infantil que cresciam ano a ano, na pandemia caíram em todas as redes sejam púbicas ou privadas.
O ciclo de política que vinha reconhecendo a importância da educação infantil sofreu uma ruptura na pandemia, impactando na estrutura das políticas educacionais.
4º – Atentar como o sistema educacional está lidando com as perdas da crianças, pois vem propondo avaliação das aprendizagens, recuperação ou recomposição de aprendizagens. O nosso sistema educacional não sabe lidar com a ideia de recuperação de aprendizagem. Atribui isso ao fracasso da criança/estudante que segrega a criança incutindo com muita clareza uma auto estima de que ele não conseguiu, que não dá conta. Deve-se cuidar para que essas aprendizagens, que precisam ser garantidas, não tragam mais consequências negativas as crianças.
5º – Outro aspecto negativo da pandemia foi com as crianças que não frequentaram a educação infantil e foram direto ao ensino fundamental. Lembrando que a educação infantil não é preparatória para o ensino fundamental, deve-se abrir um diálogo pedagógico e construtivo entre essas etapas, em função dessa criança. Rever a Proposta Pedagógica e prever apenas as aprendizagens essenciais, pois as mesmas foram pensadas para outra realidade.
A sociedade e as instituições precisam se unir e pensar a criança como sujeito que aprende diferente, discutindo pautas mais gerais, diante da fragilização do campo das infâncias. Advogar pela educação infantil durante o período eleitoral é necessário e indispensável.
Em seguida Maria Aparecida Camarano¹²³ , também representante do Comitê Diretivo do Movimento Interfóruns de Educação Infantil do Brasil (MIEIB).
Explanou sobre as perdas e o desenvolvimento de recuperar, pois segundo ela não tem como recuperar o tempo da pandemia, mas fazer diferente daqui pra frente ouvindo as crianças e o que as mesmas viveram, reconhecendo a situação social de desenvolvimento de cada uma delas, considerando a diversidade existente entre as mesmas. Avançar a partir do que a criança hoje tem de conhecimento.
Pensar em como promover os direitos das crianças nessa pandemia, cuidar que o antes, durante e pós pandemia são tempos que se entrelaçam, que vislumbram conjugação de esforços no sentido de promover o direito da criança na primeira infância.
Quanto a educação infantil exige, segundo os pressupostos defendidos pelo MIEIB, trabalhar de forma interdisciplinar e multidimensional na produção de conhecimento e de construção de políticas públicas em constante construção, pois a educação infantil é muito viva e tem muito movimento. Considerando a situação real das crianças.
Reconhecer a criança como sujeito de direitos, procurando ouvi-las, no tempo presente, de forma horizontal, buscando conhecer o que elas viveram nesse período de pandemia.
Respeitar as especificidades da etapa da educação infantil e promover diálogo intersetorial com todos as instituições que trabalham com a criança para pensar sobre esses reflexos da pandemia nas crianças. A educação infantil tem especificidades e espaços próprios, buscando levar a família a se apropriar do conhecimento desses espaços e que participem do processo educativo da criança.
O trabalho remoto na educação infantil trouxe perda afetiva e interativa para as crianças. Ninguém estava preparado para trabalhar dessa forma, nem os professores, nem as famílias.
No momento de debate e interações Cida Freire retomou a função social e política da educação infantil. Educar e brincar são indissociáveis.
Solidade Menezes traz a importância de rever, ressignificar e dialogar sobre conhecimentos que tínhamos antes da pandemia e agora, pois aprendemos muito, retomando que o direito da criança é também direito da família. A sociedade não pode trabalhar de forma individual. Que o trabalho remoto desconsidera o vínculo, o toque, o afeto, as relações, a socialização.
O novo normal, de normal não tem nada. É uma nova forma de ver, de pensar e de construir a partir de agora.
Vital Didonet explana sobre todas as construções que já ocorreram durante toda a pandemia e retoma que a falta de política nacional educacional que desse suporte para os Sistemas Municipais de Ensino não existiu. A enorme perda das crianças durante a pandemia não se deu somente na questão da aprendizagem quanto na queda das matrículas e por isso, hoje a política de busca ativa e a dificuldade de fazer com que elas voltem e permaneçam na escola. A família deve participar dessa volta de seus filhos à escola e da reconstrução da política educacional. O não retorno acontece principalmente nas famílias mais pobres. A qualidade da educação infantil vai desde a recomposição de um currículo novo considerando a realidade de hoje. As crianças não são mais as mesmas de 2019, pois viveram experiências e perdas diferentes umas das outras. Fala da importância do trabalho intersetorial com ressignificação da realidade.
Rita De Cássia De Freitas Coelho ressalta a importância da Busca Ativa inclusiva das crianças que estão fora da escola.
Maria Aparecida Camarano ressalta a importância dos espaços das escolas de educação infantil, que precisam existirem e serem adequados. Garantir a educação para todos. Escola de educação infantil não é depósito de criança.
Cida Freire finaliza esse momento trazendo a reflexão a importância do brincar como direito das crianças.
Fonte: NUJOR UNCME-PE /RNPI