25 de janeiro de 2013
Autonomia infantil começa com tarefas em casa
Assumir tarefas em casa ajuda a transformar a criança em um adulto autoconfiante
Conquistar independência e adquirir responsabilidades não são só atribuições da vida adulta. Durante a infância, ter autonomia e assumir tarefas em casa é saudável, desde que os pais respeitem a idade da criança e suas limitações físicas e emocionais. As tarefas devem ser encaradas por pais e filhos como uma atividade compartilhada, que vai trazer consequências positivas para a família, e não como uma obrigação dolorosa.
Para a professora Maria Marcia Malavasi, coordenadora do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), assumir responsabilidades em casa é a melhor forma de fazer a criança entender as regras da vida adulta, perceber seu papel na sociedade e, futuramente, relacionar-se com as pessoas ao seu redor. “Desenvolver autonomia em casa é o início da construção da cidadania”, acredita a pedagoga. Calçar o próprio sapato, guardar os brinquedos e ajudar na arrumação da casa pode contribuir para transformar a criança em um adulto autoconfiante, que enfrenta os desafios propostos e encara as dificuldades como um aprendizado.
Como explica Lino de Macedo, professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), no início, os pais devem ensinar as crianças fazendo as atividades lado a lado. Deve-se explicar aos pequenos por que aquela atividade é importante, e não tratá-la como uma imposição. Na infância, o principal não é ensinar a criança a realizar perfeitamente uma tarefa, mas sim fazê-la entender o valor daquela atividade em sua vida.
Estimular a autonomia e ensinar uma tarefa demanda cobrá-la depois. Se a criança não demonstrou esforço para cumprir o combinado, ela precisa perceber as consequências do que ela deixou de fazer. No entanto, segundo a pedagoga Anabella Monteiro, um castigo deve ser lógico para ter valor educativo. Por exemplo, se o pequeno não guardou a bola no lugar certo e ela furou, ele precisa ficar sem bola durante um tempo para entender o que fez de errado. Se ele guardou no lugar correto, deve ser elogiado por isso.
As dificuldades das tarefas devem ir aumentando gradativamente, conforme o desenvolvimento do pequeno. No início, a busca de autonomia está relacionada aos cuidados com o próprio corpo. Aos poucos, a criança percebe melhor o mundo ao seu redor e é capaz de ajudar em atividades relacionadas à família e à casa. Confira algumas tarefas em cada idade, sugeridas pelos especialistas, que podem contribuir para a construção da autonomia do pequeno:
Crianças de 2 a 3 anos:
Saber o lugar dos brinquedos e guardá-los no final do uso pode fazer parte de toda a brincadeira. Nesta idade, o pequeno pode aprender a lavar a mão, beber água sozinho e escovar os dentes com a supervisão de um adulto. Ajudar a escolher a roupa também ajuda a desenvolver autonomia.
Crianças de 4 a 5 anos:
O pequeno já pode tomar banho sozinho, aprender a atravessar a rua e limpar o que suja. Ele também está apto para ajudar a organizar a casa, em atividades como colocar a louça na pia e ajudar a arrumar a mesa. É nessa idade que são inseridas na vida da criança as atividades relacionadas à escola, como arrumar a mochila e vestir o uniforme.
Crianças de 6 a 7 anos:
Nesta idade, as tarefas já podem ser mais sofisticadas, pois a criança já tem noção dos perigos. Ajudar a lavar e a secar a louça, fazer o lanche da escola e manter a organização do quarto podem ser atividades atribuídas ao pequeno.
Crianças de 8 a 9 anos:
Ter mais responsabilidade no cotidiano da casa é o que marca essa idade. A criança já pode ajudar a preparar as refeições e guardar as roupas no armário. Ela tem condições de olhar no relógio e calcular o horário para as atividades.
Informações Cartola – Agência de Conteúdo