05 de setembro de 2013
Cabeça de criança: como aperfeiçoar essa máquina
Para desenvolver a inteligência e outras funções cognitivas, o cérebro precisa ser estimulado desde o nascimento. Saiba como isso pode ser feito com os filhos de zero a sete anos de idade da melhor maneira possível
POR EULINA OLIVEIRA
Independentemente da carga genética, o cérebro humano tem de ser constantemente desafiado pa ra que mantenha e até melhore as suas funções cognitivas (como memória, percepção, raciocínio lógico-matemático, linguagem, atenção, aprendizado…). Mas, como é na infância que se desenvolvem as bases da inteligência, exercitar os neurônios desde cedo é tão importante para a garotada quanto ir à escola, dormir cedo e obedecer aos pais.
Assim que a criança nasce, os estímulos têm de ocorrer da forma mais variada possível. Desde o simples toque no bebê recém-nascido até brincadeiras e atividades mais complexas e desafiadoras a partir dos seis ou sete anos. É através dos estímulos sensoriais que são formadas as chamadas sinapses – conexões que favorecem a comunicação entre os neurônios. Quanto mais sinapses se formarem, melhor serão as capacidades cognitivas e maior será o aprendizado ao longo da vida.
“A capacidade de compreensão dos bebês é muito maior do que a maioria dos pais pode julgar”, alerta o neuropediatra Luiz Celso Pereira Vilanova, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os adultos também não sabem que têm um papel fundamental para o desenvolvimento do cérebro de seus filhos. “Especialmente nos primeiros seis meses de vida, o vínculo afetivo favorece conexões cerebrais do bebê que irão valer para a vida inteira”, garante a pediatra Ana Maria de Ulhôa Escobar, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo.
UMA ALIMENTAÇÃO BALANCEADA E BOAS CONDIÇÕES DE SAÚDE TAMBÉM SÃO ESSENCIAIS PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COMO UM TODO. A MELHORA DESSES TRÊS FATORES É RESPONSÁVEL PELO AUMENTO DO QUOCIENTE DE INTELIGÊNCIA (QI) VERIFICADO A CADA NOVA GERAÇÃO
LOBO OCCIPITAL –Responsável pelo processamento da informação visual. Recebe estímulos de brinquedos e objetos coloridos, ilustrações, videogame e televisão
LOBO PARIETAL – Relacionado às sensações táteis e habilidades matemáticas e espaciais. Estimulado pelas brincadeiras, brinquedos e música
LOBO TEMPORAL – Encarregado do processamento dos sons, da compreensão da linguagem e do gerenciamento da memória. Estimulado pela leitura de histórias, música, instrumentos musicais, brinquedos e pelo aprendizado de idiomas
LOBO FRONTAL – Responsável pelo pensamento, planejamento, comportamento, emoção e movimentos voluntários. Estimulado pela música, leitura, brincadeiras, videogame, movimentos corporais (como a dança)
LOBO TEMPORAL
Além disso, os pais e cuidadores devem estar sempre interagindo com a garotada, brincando e conversando desde os primeiros dias de vida. O toque, por exemplo, estimula a função cerebral responsável pela sensibilidade, a primeira a se desenvolver, assim como a visual e a motora. Para incentivar as funções visuais, a criança precisa manter contato com brinquedos e objetos de cores vivas e contrastantes. As motoras são estimuladas por meio de brincadeiras.
Mas há momentos em que o filho deve soltar a imaginação sozinho. “São oportunidades para desenvolver o pensamento mágico que os adultos não têm”, afirma a pediatra Ana Maria de Ulhôa Escobar.
Para o neuropediatra Mauro Muszkat, da Unifesp, os pais devem considerar o gosto da criança pela atividade proposta. “Ela também não pode estar com fo me ou sono, por exemplo. Caso contrário, ficará irritada e o estímulo não irá funcionar”, afirma.
Confira, a seguir, algumas formas de estimular o desenvolvimento do cérebro de seus filhos:
SEGUNDO O NEUROPEDIATRA LUIZ CELSO PEREIRA VILANOVA, “QUANTO MELHOR É O NÍVEL EDUCACIONAL DO PAI E DA MÃE (OU DOS CUIDADORES), MAIS ESTIMULADA A CRIANÇA SERÁ”
MÚSICA PARA OS NEURÔNIOS Esse é um dos estímulos mais importantes para o desenvolvimento da criança, por envolver diversas áreas cerebrais, especialmente nos primeiros dois anos de vida. “Os sons, ritmos e tudo o que envolve o universo musical facilitam a organização visual e de espaço, o entendimento, o raciocínio lógico e a expressão”, afirma o neuropediatra Mauro Muszkat. O especialista alerta, porém, que, recebidos de forma passiva, os impactos da música são relativos. Por isso, é importante incentivar a criança a cantar, dançar e, a partir dos três anos, se ela manifestar interesse, aprender a tocar instrumentos musicais. Os pais devem participar dessas atividades ativamente. Quanto a que tipo de música incentivar os filhos a ouvir, isso é uma questão pessoal. Mas sem dúvida alguns ritmos são mais saudáveis. A simples audição de música clássica, por exemplo, pode não ser tão relevante ao desenvolvimento e aperfeiçoamento do cérebro infantil, como sugerem alguns estudos, mas certamente ajudará a criança a ser mais tranqüila. |
Informações: Revista Saúde
PRINCIPAIS ÁREAS DO CÉREBRO ESTIMULADAS