27 de abril de 2020

Internações de crianças de 0 a 14 anos por intoxicação aumentaram quase 11% no último ano

Análise dos dados mais recentes divulgados pelo Ministério da Saúde apontam tendência no aumento de internações por esse tipo de acidente desde 2017

De 2018 a 2019 o número de internações por intoxicação de crianças de 0 a 14 anos aumentou 10,55%, seguindo uma tendência de aumento de número de casos que vem crescendo desde 2017, conforme dados extraídos do DataSus (Ministério da Saúde) e analisados pela ONG Criança Segura. A faixa etária em que este tipo de acidente mais acontece vai de 1 a 4 anos de idade.

Esse dado chama a atenção para os cuidados em relação ao contato de crianças com animais peçonhentos e plantas e à forma de armazenar os produtos de higiene e medicamentos em casa. Principalmente neste período de quarentena, em que as crianças estão passando mais tempo dentro de casa e alguns pais e responsáveis estão trabalhando home office.

“Também precisamos nos atentar ao uso do álcool, agora que ele está sendo muito utilizado pelas famílias como forma de desinfecção e prevenção contra a Covid-19, pois ele pode causar intoxicação já que tem uma alta graduação alcoólica”, explica Vania Schoemberner, gerente executiva da ONG Criança Segura.

Uma categoria de acidente que teve o índice de internação – entre crianças de 0 a 14 anos – reduzido entre os anos de 2018 e 2019 foram os acidentes com armas de fogo. Essa expressiva taxa de redução de 27,97% reflete os esforços em campanhas e alertas contra o porte de armas realizados durante o período por várias entidades da sociedade civil. “Muitas campanhas foram realizadas, tanto pela Criança Segura quanto por outras organizações e o resultado estamos vendo agora”, comemora Vania.

Outras categorias de acidentes que, assim como as intoxicações, também tiveram os números de internações elevados entre os anos de 2018 e 2019 foram as quedas e as queimaduras. As primeiras continuam sendo a principal causa de internação de crianças de 0 a 14 no Brasil, alcançando o número de 52.613 internações no último ano. A faixa etária de 5 a 9 anos é a que mais apresenta casos de internações por este tipo de acidente.

Já em relação às queimaduras, em 2019 foram 21.023 crianças internadas por esse motivo. Esse dado também chama a atenção para o período de quarentena pelo qual estamos passando, haja vista que o álcool líquido 70% tem sido muito utilizado pelas famílias na prevenção contra a Covid-19. No entanto, este produto é altamente inflamável, o que aumenta as chances de ocorrerem mais acidentes por queimaduras nesse período.

As queimaduras com álcool, quando acontecem com as crianças, costumam ser graves e necessitam de intervenção médica para o tratamento e, em algumas situações, a vítima pode até morrer. Além de deixar muitas cicatrizes e marcas para toda a vida.

Com a pandemia do Coronavírus, os serviços de saúde de muitos estados brasileiros já estão operando com suas capacidades máximas. Caso a criança acidentada precise ser internada, será muito difícil encontrar leito hospitalar disponível. Sem contar as chances dela ou de seus responsáveis e familiares se contaminarem pelo vírus nos hospitais e prontos-socorros.

Caso a criança acidentada não consiga um tratamento correto, ela poderá vir a óbito ou ficar com sequelas gravíssimas por toda a vida devido à ausência de tratamento.

A Criança Segura
A Criança Segura é uma não governamental, sem fins lucrativos, dedicada à prevenção de acidentes com crianças e adolescentes de até 14 anos. A organização atua no Brasil desde 2001 e faz parte da rede internacional Safe Kids Worldwide, fundada em 1987, nos Estados Unidos, pelo cirurgião pediatra brasileiro, Martin Eichelberger.

Para cumprir sua missão, desenvolve ações de Políticas Públicas – incentivo ao debate e participação nas discussões sobre leis ligadas à criança, objetivando inserir a causa na agenda e orçamento público; Comunicação – geração de informação e desenvolvimento de campanhas de mídia para alertar e conscientizar a sociedade sobre a causa e Mobilização – cursos à distância, oficinas presenciais e sistematização de conteúdos para potenciais multiplicadores, como profissionais de educação, saúde, trânsito e outros ligados à infância, promovendo a adoção de comportamentos seguros.

 

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