29 de setembro de 2011

ONG Vez da Voz lança curta-metragem que mostra dificuldades e possibilidades de inclusão

Segundo dados do IBGE, existem hoje no Brasil 24,5 milhões de pessoas com deficiência. E deste universo, cerca de 1,5 milhão vivem na cidade de São Paulo. Esses números dão uma ideia da importância do do curta-metragem De Boca em Boca, lançado semana passada no Centro Cultural São Paulo com o objetivo de promover a reflexão e uma mudança de comportamento na população brasileira.

Realizar ações assertivas, quando se trata de promover a acessibilidade da cultura, nem sempre é muito simples. É por esta razão que a ONG Vez da Voz lançou o curta que enfoca as dificuldades e as possibilidades de inclusão da pessoa com deficiência em diversas atividades cotidianas, além de instigar a população a se colocar no lugar dos deficientes e pessoas que têm mobilidade reduzida.

Popularizar a utilização de ferramentas de inclusão e acesso aos bens culturais é um dos objetivos principais do CCSP, que além da biblioteca Louis Braille,voltada para cegos, oferece aos deficientes visuais uma estrutura totalmente equipada e adaptada a eles: mapas táteis que permitem a orientação espacial em todos os acessos e andares, computadores adaptados, cursos voltados à linguagem braile para funcionários do CCSP, sistema de áudio-descrição de filmes, peças teatrais, contação de histórias para crianças surdas, entre outras atividades, são apenas alguns exemplos de atividades que integram o programa de acessibilidade do CCSP.

“Nossa intenção é fazer com que as pessoas coloquem a cidadania em prática e se preparem para lidar com o diferente. Conseguir produzir esse curta, que poderá ser assistido  por pessoas surdas, cegas e sem deficiência “aparente” é uma grande realização e mostra que é possível fazer uma comunicação para todos”, afirma Cláudia Cotes, presidente da ONG Vez da Voz.

O filme foi produzido em 2010 pela Vez da Voz em parceria com a Inclusiva Filmes por uma equipe de 14 voluntários com e sem deficiência. O vídeo foi gravado nas ruas de São Paulo, sem nenhum tipo de apoio ou patrocínio e é também voltado para o público em geral.

 

Recursos de Acessibilidade que constam no curta Boca a Boca

Audiodescrição: é uma narração objetiva das imagens visuais que aparecem nas cenas de uma novela, documentário, matéria, filme, e que não estão contidas nos diálogos. São descritas expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela. O recurso é voltado às pessoas com deficiência visual.

Legenda: reproduz por escrito as falas dos apresentadores e de personagens de novelas, filmes, desenhos animados bem como sobre o ambiente da cena ao descrever indicações de sons como portas se abrindo, aplausos, trovões e até trilhas sonoras. Este recurso promove o acesso à informação não só aos surdos, que não compreendem a Língua de Sinais, mas também aos idosos com perda de audição.

LIBRAS: possui estrutura gramatical própria. Os sinais são formados por meio da combinação de formas e de movimentos das mãos e de pontos de referência no corpo ou no espaço. As línguas de sinais não são universais, cada país possui a sua. O recurso é voltado para surdos.

 

ONG Vez da Voz

Criada em 2004, a Vez da Voz é uma OSCIP que luta pela inclusão da pessoa com deficiência. No Brasil, 24 milhões de pessoas precisam de acessibilidade em diferentes áreas, inclusive na comunicação.Com representantes em São Paulo e Campinas, a Vez da Voz é formada por profissionais com e sem deficiência. São jornalistas, fonoaudióloga, psicóloga, pedagoga, estudantes, artistas, intérpretes e assessores da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), audiodescritora, editor, cinegrafista e webdesigner, que criam formatos inclusivos para a mídia. As ações da Vez da Voz são variadas e focam a comunicação, a informação e o adequado atendimento às pessoas com deficiência. Dentre as ações desenvolvidas estão a produção de vídeos inclusivos (com narração, Língua de Sinais, legenda e audiodescrição), a elaboração de materiais educativos, oferecimento de palestras, cursos e treinamentos em empresas, além de apresentações artísticas.

A Vez da Voz também produz o primeiro telejornal inclusivo da internet e da Televisão Brasileira: o Telelibras, que mostra a diversidade racial entre os jornalistas, tem intérpretes de LIBRAS ao lado do apresentador e ainda conta com uma equipe de repórteres com deficiência. Todos informam o que acontece no Brasil e no mundo. É voltado para o público surdo, que pouco entende a Língua Portuguesa e se comunica em LIBRAS, uma língua que não é universal, e que tem uma estrutura gramatical própria.

A Vez da Voz existe para dar voz para quem não tem vez. Na internet, os vídeos são semanais e gratuitos para download. Mais informações.

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