25 de junho de 2012

Ansiedade infantil

Ansiedade é uma combinação complexa de sentimentos de medo, apreensão e preocupação, geralmente acompanhada de sensações físicas como palpitações, dor no peito e/ou falta de ar. Ansiedade pode existir como uma desordem cerebral principal, ou pode estar associada a outros problemas médicos incluindo desordens psiquiátricas.

Os distúrbios da Ansiedade estão entre as principais causas de consultas médicas em todo o Mundo. (Enquanto você lia esta primeira frase, mais de 8 pessoas foram atendidas com queixas relacionadas à angústia, tristeza, nervosismo, irritação e similares).

Infelizmente, os Distúrbios da Ansiedade não são um problema exclusivo do universo adulto: eles afetam 13 de cada 100 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de idade. As meninas são mais acometidas que os meninos e, em metade dos casos, as crianças apresentam Ansiedade associada a Depressão.

A Ansiedade é um sentimento natural tanto na infância como em qualquer outra etapa da vida. Crianças de 8 meses de idade podem apresentar sintomas de ansiedade sempre que se separam dos pais. Isto é normal. Entre os 6-8 anos de idade, a ansiedade se volta para o desempenho escolar e o relacionamento com os coleguinhas. Crises de ansiedade também podem ocorrer quando a criança passa por mudanças significativas como troca de escola ou de casa, falecimento de entes queridos, chegada de novos irmãozinhos, separação dos pais e etc.

O limite da normalidade do nível de Ansiedade está na sua repercussão sobre o comportamento. E vamos ser sinceros: você não precisa ser um especialista para perceber que algo não vai bem. Crianças não devem ser excessivamente preocupadas ou apreensivas com o futuro. Não é típico de uma criança apresentar freqüentemente dores de cabeça, náuseas, vômitos, falta de ar, diarréia, palpitações, dificuldade de concentração, agressividade ou medos em excesso. Se isto está acontecendo – e parece estar associado a situações específicas -, é bem possível que a criança esteja sofrendo de algum Distúrbio da Ansiedade, justificando uma avaliação médica.

A Ansiedade Infantil pode ser causada por problemas psicológicos, alterações nos transmissores químicos cerebrais, doenças na tireóide, infecções e até mesmo fatores genéticos (estudos mostraram que 50% dos pacientes com Síndrome do Pânico possuem pelo menos um parente portador de Distúrbios da Ansiedade). O diagnóstico quase sempre é simples, e o tratamento envolve acompanhamento psicológico e uso de certos fitoterápicos. Os medicamentos controlados devem ser considerados a última opção.

Em todos os casos, o papel dos pais e cuidadores é essencial para o sucesso do tratamento. Veja a seguir o que você pode fazer para reduzir as crises de ansiedade na infância:

 

Seja uma porta aberta

Não julgue: ajude. Crianças excessivamente ansiosas precisam de apoio e expectativas positivas, mas só irão procurar sua ajuda se tiverem certeza de que não serão hostilizadas ou ridicularizadas. Cobre disciplina na mesma medida em que você demonstra seu afeto, e certifique-se de que sua disciplina está sendo passada em um formato motivador.

Por exemplo: amedrontada, a criança se recusa a ir para a nova escola. Marque a alternativa correta:

a) “Vamos lá, será divertido, você consegue, irá fazer novos amigos!”
b) “Que coisa mais patética! E come logo o almoço porque já estou perdendo a hora de chegar no serviço!”…
c) “Se você não colocar logo este uniforme, eu…! eu…!” (gesticulando como quem estrangula um frango).

 

Retire o excesso de peso

Uma criança de 11 anos ainda é apenas uma criança, não a miniatura do adulto que você gostaria que ela fosse. Não cometa o erro (terrível) de impor seu nível de maturidade às responsabilidades dela.

O excesso de carga também diz respeito às estratégias de confrontamento utilizadas por muitos pais. “A criança tem medo de escuro? Tranque-a sozinha em um quarto sem luz por alguns minutos, ela verá que nada de mal acontece”. Excelente! Ao bater de frente dessa forma, você acabou de descobrir uma nova maneira de corroer o elo de confiança entre vocês.

O mais recomendável é liderar pelo exemplo. Se a criança fica aterrorizada com cachorros, você não precisa atravessar a rua toda vez que avistar um. Segure a mão da criança, mantenha tranqüilamente seu rumo e passe a mensagem correta: nada de fobias. Não confronte, mas não evite. O segredo em todas as situações é combinar Bom Senso com Perseverança, contando sempre com a ajuda do tempero mais precioso da educação, o Tempo.

 

Cuidados com os estimulantes

Reduza ou elimine por completo o consumo de cafeína, refrigerantes e bebidas muito açucaradas, principalmente à noite. Alguns remédios para alergia, asma e rinite possuem substâncias estimulantes em sua fórmula. Muito cuidado com eles.

Criança saudável, sono saudável, e vice-versa.

Procure criar uma rotina de atividades durante o dia, evitando cochilos fora de hora e preservando um certo ritual para a hora de dormir. Nada de televisão ligada a noite toda ou refeições pesadas antes de ir para a cama.

 

Considere o inconsiderável

De repente, você é um pai ou mãe ou cuidador ou professora exemplar, mas ainda assim enfrenta uma criança ansiosa quase ao ponto do intratável. Apesar de todos os seus esforços, apesar de todos os exames médicos e remédios caros, nada parece adiantar.

Por mais triste que a verdade possa ser, a Ansiedade Infantil pode esconder a ocorrência de maus tratos ou abusos sexuais por parte de pessoas “acima de qualquer suspeita”. Se este for o caso, jogue aberto, converse com a criança e procure orientações junto ao Psicólogo ou Pediatra responsável.

 

Veja algumas perguntas comuns quando o assunto é ansiedade na criança:

1 – Uma mãe que sofre de ansiedade tem grandes chances de gerar um filho com esse problema?

Não necessariamente. A ansiedade pode ser desenvolvida por ele a partir das atitudes da mãe em relação ao filho, do ambiente em que ele está inserido.

2 – A ansiedade só traz malefícios para as crianças?

A ansiedade em níveis adequados é saudável e mobiliza o indivíduo nas suas atividades diárias. Torna-se exagerada quando a criança, desde os seus primeiros anos de vida, não foi incentivada a seguir regras, a atender aos limites do que pode ou não, a entender que nem todos os seus desejos podem ser satisfeitos, mostrando-se, deste modo, incapacitada para lidar com as frustrações.

3 – Quais os sintomas e dificuldades que a criança enfrenta com a ansiedade?

As expressões de ansiedade na criança ocorrem de modo diferente nas várias idades. Nos bebês e lactentes podemos observar choro frequente, dificuldades alimentares e no sono. Já na criança maior, de2 a3 anos, verificamos inquietude, solicitação frequente do adulto, irritabilidade, dificuldades alimentares e não atendimento a regras com episódios de birra. Já nas de5 a6 anos, verificamos curta atenção com permanência limitada e troca constante de atividades, inquietude, não respeito à privacidade do outro, insatisfação e insegurança. Nos escolares, acima de 7 anos, observam-se dificuldades na atenção, principalmente para tarefas de rotina e escolares, inquietude, rapidez exagerada e displicência em suas atividades, dificuldades na socialização, e outras situações.

4 – Como os pais devem lidar com a ansiedade dos filhos?

Os pais são figuras fundamentais para a criança, pois são eles que vão moldar o seu desenvolvimento. É importante que se informem, seja por meio de profissionais e mesmo de leituras especializadas, de como se dá este desenvolvimento, e que função desempenham neste processo. A adequação das suas atitudes, o acolhimento das necessidades, a convivência com a insegurança e o prazer, o manejo com os desejos e a frustração são situações com as quais estarão lidando diariamente e, com certeza, estarão oferecendo aos seus filhos a oportunidade deste aprendizado, que, no futuro, lhes deixará em condições de conviver e lidar com as situações de maior complexidade.

5 – Como deve ser o ambiente ideal para que a criança não corra o risco de ser acometida pela ansiedade excessiva?

O ambiente familiar seguro, no qual os pais se respeitam e lidam de modo adequado com os problemas naturais da vida, será mais acolhedor para as dificuldades da criança, mostrando e ensinando a ela como lidar com as adversidades que possam estar ocorrendo. Isso irá atenuar e permitir que ela trabalhe melhor a ansiedade.

 

Fonte: Alessandro Loiola (Clínica Infantil Reibscheid)

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