25 de janeiro de 2012

Audição do Feto

O que vamos explorar neste tópico são os aspectos neurofisiológicos da audição humana durante a fase fetal da vida, para fundamentar as atividades que serão propostas na continuação do trabalho.

A partir de quando o feto ouve? O que ele ouve? Como ele ouve? O que podemos fazer com esses conhecimentos? São os principais questionamentos que norteiam o estudo.

Até a 20ª semana de gestação a extremidade medial do meato acústico externo está fechada por uma massa de células epiteliais. Nessa semana há a maturação da orelha interna, sendo o único órgão sensorial a atingir completa diferenciação e tamanho adulto à altura da metade do desenvolvimento fetal. A essa altura, as estruturas da orelha interna e média estão formadas e falta pouco para a ossificação. O plug meatal se desfaz, expondo a membrana timpânica ao líquido amniótico.

A 21ª semana gestacional marca o inicio da aventura sonora do bebê. O aparato neurofisiológico necessário para que ocorra o fenômeno da excitação nervosa por intermédio das vibrações sonoras esta suficientemente estruturado. Não quero com isso dizer que a partir desse instante o feto passa a ouvir tudo, alto e claro. Não é assim que a natureza age.

Mas é a partir daí que, gradativamente, ele começa a ouvir. Estabelece-se, então, o inicio da experiência no universo sonoro intra-uterino.

O bebê, ainda um feto de 21 semanas, tem25 centímetrose pesa250 gramasem média. Está imerso em líquido amniótico, dentro da bolsa das águas, dentro do útero materno, em um ambiente extremamente rico em estímulos sonoros. Prossigamos.

Os ossículos (martelo, bigorna e estribo) que transmitem as vibrações sonoras captadas pelo tímpano para o órgão de Corti, onde se dá a transformação de movimentos mecânicos em impulsos nervosos, estão embebidos em mesênquima, um líquido de relativa densidade.

A pneumatização do funcionamento dos ossículos dá sinal em torno da 34ª semana, no entanto só se acelera com a penetração de ar na orelha média, no nascimento.

O conteúdo aéreo da cavidade timpânica se expande imediatamente após o nascimento com o início da respiração e a entrada de ar na orelha média.

Quando os ossículos soltam-se do mesênquima, a membrana mucosa que conecta cada ossículo às paredes da cavidade do ouvido médio permanece para finalmente se converter nos ligamentos de apoio dos ossículos.

Então vejamos. O feto humano já tem a estrutura neurofisiológica auditiva capacitada para receber estímulos sonoros, no cérebro, na 8ª região cerebral, a partir da 21ª semana.

Ele está imerso em líquido amniótico, com os ossículos embebidos em mesênquima e não completamente ossificados e pneumatizados.

Aqui é imprescindível acrescentar que na água o som se propaga com uma velocidade mais de quatro vezes maior que no ar.

E também tenho que dizer que antes dessa 21ª semana , nós, enquanto fetos, não somos insensíveis aos sons. Alguns cientistas consideram a pele como uma extensão do ouvido durante a gestação.

As vibrações sonoras excitariam o tato, que é anterior à audição.

O corpo da mãe que gera esse bebê é extremamente rico em estímulos sonoros.

 

Quais são as fontes desses sons?

O músculo cardíaco produz a pulsação rítmica, principalmente por uma artéria que passa por traz do útero, e sons da circulação sanguínea periférica ao útero.

– Os órgãos ocos (estômago e intestinos principalmente) produzem inúmeros sons, alguns audíveis até aqui fora do corpo.

– Os movimentos peristálticos e os sons da digestão.

– As articulações do esqueleto.

– Os passos da mãe-gestante.

 

Imagine esse universo-sonoro…

Importante também é informar que o nosso amiguinho feto não está escutando esses sons do corpo da mãe o tempo todo, ininterruptamente. A natureza não permitiria. O bebê em gestação tem um ciclo de sono e vigília característico: dorme, em média, de18 a20 horas por dia, em períodos indefinidos. Está em vigília, isto é, experimentando as sensações que lhe são possíveis, apenas no tempo restante.

 

É dormindo que a criança cresce

Gravações intraamnióticas feitas com equipamento especial – microhidrofones – detectaram os mais diversos sons, registrando suas intensidades e frequências .

De todos os sons a que o feto está exposto, inclusive os sons externos em alta intensidade, o que se destacou por suas características acústicas particulares é o som da VOZ HUMANA.

Isso mesmo, quando a gestante fala, o som de sua voz se sobressai de todo o ruído de fundo que chega ao feto. A voz que se aproxima do ventre materno, principalmente nas últimas semanas de gestação, também tem grande abrangência e alcance.

Com isto deduz-se que o feto humano ouve com especial destaque a voz da mãe e dos próximos a ela desde, praticamente, a metade da gestação.

Mas, analisemos mais detalhes sobre essa percepção tão importante.

O bebê em gestação ouve a voz da mãe nas suas características particulares de ritmo, entoação, variação de frequências e timbre, mas alguns cientistas afirmam que não é possível distinguir a articulação das palavras.

Para que se ouça a palavra articulada é necessário que haja ar entre o emissor e o receptor, o que não acontece com o feto. Ele está, como já vimos, imerso no líquido amniótico. Mas já vimos também, no líquido o som se propaga com maior velocidade.

Então ele ouve a voz, mas não a palavra. Mas banha-se no sonoro. Banha-se inteiro no timbre da voz da mãe e nas suas características particulares que a diferem de qualquer outra pessoa. Nossa voz é como uma impressão digital sonora de nós mesmos. Só nós a temos.

Durante o tempo de gestação que tiver depois da 21ª semana, o feto estará experimentando paulatinamente o ambiente sonoro no qual viverá depois de nascido, daqui há algumas semanas.

Posso afirmar que o som é o cartão de visitas da vida.

Então, é pelo som da voz da mãe e dos próximos a ela que temos o primeiro contato com o ambiente em que nasceremos.

A memória começa a se estabelecer nessa mesma época.

 

Fonte: Bebê do Futuro

voltar